Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Se estivesse vivo, o menino Bernardo Uglione Boldrini completaria, nesta sexta, 16 anos. Para homenageá-lo, um grupo de pessoas que foi formado após a morte dele e que luta por justiça, organizou uma festa de aniversário para crianças humildes. A intenção foi proporcionar um dia especial para quem não tem oportunidade de ganhar uma festa e, ao mesmo tempo, lembrar de Bernardo com carinho.
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Com direito a balão, bolo, refrigerante, guloseimas e o tradicional parabéns, cerca de 40 crianças do Projeto Social Estação dos Ventos do Bairro Km 3, aproveitaram a festa na manhã de hoje. A empresária Inocência Alves Cardoso, 56 anos, diz que 19 pessoas fazem parte do grupo Flores para Bernardo. Elas são de várias cidades do país e de fora. Juntas, lutam por justiça e organizam as homenagens nas datas da morte dele, aniversário e no Dia de Finados.
- É muita emoção, mas também um misto de sentimentos, de tristeza e de alegria. Tristeza por tudo que aconteceu com o Bernardo, e alegria por estar proporcionando esta festa maravilhosa para as crianças carentes. Muitas nunca tiveram um bolinho. O grupo está unido principalmente para lutar por justiça, o grupo pegou um amor entre cada um e também pelo menino - conta Inocência, emocionada.
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O projeto existe há 14 anos e atende 60 crianças e adolescentes com idades entre 3 e 16 anos no turno inverso da escola. A entidade sobrevive de doações e com ajuda de voluntários, proporciona atividades lúdicas, reforço escolar, dança, percussão, artesanato e exercícios físicos. A coordenadora, Fabiana Pereira Ribeiro, 48 anos, recebeu de braços abertos a proposta do grupo.
- É muito emocionante fazer parte da história desse menino. A gente abraçou o convite com muito pesar, até porque muitas aqui são mães e, ao mesmo tempo, a gente ficou feliz por fazer esta homenagem para o Bernardo - contou.
A pequena Michele Machado Fagundes, 9 anos, não sabe muito bem o que aconteceu com Bernardo, mas ficou feliz com a homenagem ao garoto.
- Eu achei legal porque ele é uma pessoa que já faleceu. Se ele está vendo ou não, eu não sei, mas ele deve estar feliz. As pessoas que nem conhecem ele fizeram junto com as pessoas que amam ele - disse Michele.
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Em Santa Maria, o grupo tem três representantes. Em datas especiais, elas decoram e cuidam do túmulo onde Bernardo e a mãe dele, Odilaine Uglione, estão sepultados, no Cemitério Ecumênico Municipal.
O CASO
Era 4 de abril de 2014, quando o menino Bernardo Boldrini, então com 11 anos, foi visto pela última vez. Ele morava em Três Passos, na região noroeste do Rio Grande do Sul, com o pai, a madrasta e meia-irmã mais nova.
Dez dias depois, o corpo do garoto foi encontrado envolto em um saco plástico e enterrado em um buraco na área rural de Frederico Westphalen, a 80 quilômetros da distância. O caso comoveu o Brasil, mas na esfera judicial ainda não houve desfecho.
Quatro pessoas foram acusadas de homicídio triplamente qualificado e serão julgados pelo Tribunal de Júri, entre elas o pai de Bernardo, o médico cirurgião Leandro Boldrini, 42 anos, e a madrasta Graciele Ugulini, 40. Também são réus uma amiga de Graciele, Edelvânia Wirganovicz, 44, e o irmão de Edelvânia, Evandro Wirganovicz, 35. A data do julgamento ainda não foi marcada.